11/11/2024

Doação de leite materno é primordial para recuperação de prematuros

Bebês internados e que ainda não podem ser amamentados precisam do alimento como fator de proteção e desenvolvimento

“O leite materno salvou a vida do meu filho”. A afirmação da técnica de segurança do trabalho Sara Letícia Jesus dos Santos, mãe do pequeno Vicente, que nasceu com apenas 26 semanas e cinco dias de gestação na Maternidade Odete Valadares (MOV), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), traduz a importância desse alimento na recuperação dos prematuros internados em unidades neonatais.


“Não é fácil. Cada dia é um dia e não sabemos o que vai acontecer. É um neném muito frágil, muito pequeno. Eles passam por muita coisa: remédios, a mãozinha marcada de tanto tirar sangue…e a cada dia tomando leite materno doado, ele ia ficando mais forte, ganhando mais peso. Teve um final de semana durante a internação do Vicente que passei na minha cidade e, na segunda-feira, quando voltei, ele já estava com o dobro do tamanho. O leite materno faz muita diferença na vida dessas crianças”, alerta Sara.

Os prematuros, geralmente, não podem ser amamentados. Muitos não conseguem ainda coordenar sucção, deglutição e respiração. A mãe também pode precisar de um pouco mais de tempo para conseguir produzir o próprio leite, por questões hormonais e emocionais que envolvem um parto prematuro. Por isso, o leite doado, administrado por sonda gástrica, é muito importante para esses bebês durante a internação.

Para eles, é muito mais que nutrição. O leite atua no organismo como medicamento, protegendo o recém-nascido de alergias, infecções, fortalecendo a imunidade e ajudando na recuperação dessas crianças que, por terem vindo ao mundo antes da hora, nascem mais fragilizadas.

Estoque em baixa

Referência estadual em aleitamento, o Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Odete Valadares precisa de novas doadoras. O serviço arrecadou em outubro 141 litros de leite materno para atender os prematuros - cerca de 40% a menos do volume esperado, que é de 230 litros. O número de doadoras também está abaixo do habitual: no geral, o BLH/MOV costuma ter aproximadamente 100 doadoras cadastradas. Atualmente, apenas 52 mães estão inscritas. E com a aproximação do período de férias e de festas de final de ano, as doações costumam cair ainda mais.

“A mãe que queira doar pode ficar tranquila: o leite não vai faltar para o seu bebê. Quanto mais você doa, mais produz. O que será destinado ao banco de leite é o seu excedente”, reforça a coordenadora do Banco de Leite Humano da MOV, Karine Antunes.

“A doadora deve gozar de boa saúde, não usar medicamentos que têm contraindicação para a amamentação. Não pode fumar, beber e usar drogas”, detalha Karine. Alguns exames de pré-natal são solicitados para preenchimento da ficha, como o de sífilis, HIV e hepatite.

Para doar, a mãe não precisa sair de casa. O BLH envia todo o material necessário para a coleta e as profissionais vão até a residência da doadora para buscar os frascos com o leite que ela coletou.

O leite doado passa por várias etapas rigorosas de seleção e análises microbiológicas até ser pasteurizado e estar pronto para distribuição.

Corrente do bem

As mães dos bebês que recebem o leite agradecem. É o caso de Jhulia da Silva Brito, de 33 anos, mãe da Maitê, que nasceu de 30 semanas e seis dias. “O Banco de Leite da Odete Valadares é abençoado por Deus. Fez toda a diferença na recuperação dela. Com o leite materno, a digestão é melhor, ajuda a fortalecer o intestino… eu sempre brincava com as outras mães de bebês internados, que eram doadoras, falando para tirarem leite para Maitê, que ela estava precisando. É muito bonito de ver, é algo mágico, uma corrente do bem”, afirma.

Jhulia deixa um recado para as doadoras: “Primeiramente, agradeço essas mulheres que se disponibilizam a doar seu leite, é algo muito necessário para o bebê prematuro. E peço às mamães que continuem doando. Vocês salvam várias vidas com esse ato”.

Como doar?

Mulheres que estão amamentando e possuem excedente de leite podem se cadastrar como doadoras de três formas:

- Ligando para o número (31) 3298-6008  
- Acessando o Portal MG: https://www.mg.gov.br/servico/doar-leite-humano 
- Baixando o MG App, nas plataformas Android e iOS, selecione a opção Saúde > Doação de Leite Humano

O Banco de Leite da Maternidade Odete Valadares também orienta mães que estão com dificuldade na amamentação, caso precisem de auxílio. O agendamento de horário também pode ser feito por telefone, Portal MG e MG App.


Por Fernanda Moreira Pinto
Fotos: arquivo pessoal / arquivo Fhemig