22/11/2023

Trabalho contínuo de estímulo à amamentação no Hospital Júlia Kubitschek e na Maternidade Odete Valadares garante certificação do Ministério da Saúde

Maternidades da Fhemig, em Belo Horizonte, mantêm título de “Hospital Amigo da Criança” após reavaliação das unidades

Duas maternidades da Fhemig passaram por nova avaliação da equipe do Ministério da Saúde para a manutenção do título da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), por cumprirem os 10 passos para o sucesso do aleitamento materno, instituídos pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), além da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL), o Cuidado Amigo da Mulher (CAM) e a Portaria nº 930, de 2012. A Maternidade Odete Valadares (MOV), que possui a certificação desde 1999, e a maternidade do Hospital Júlia Kubitschek (HJK), cujo reconhecimento veio em 2013, mantiveram suas conquistas, provando que o trabalho em prol da amamentação desde a primeira hora de vida dos bebês têm se fortalecido.

A reavaliação das unidades acontece a cada três anos e busca apoiar e incentivar os hospitais a manterem os critérios de habilitação estabelecidos pela Portaria nº 1.153, de 2014, do Ministério da Saúde, além de identificar potencialidades dos processos de trabalho.

De acordo com Eliane Fonseca, uma das avaliadoras da IHAC, entre os pontos de destaque da MOV estão a promoção dos cursos de casal grávido e de aleitamento materno, o envolvimento dos profissionais com as boas práticas do nascimento, parto e aleitamento materno e a permanência do pai e da mãe junto ao bebê prematuro. “As mulheres entrevistadas mostraram-se satisfeitas com os cuidados recebidos na instituição. Elogiaram a atuação das doulas voluntárias e a visita guiada à maternidade, que, inclusive, é preconizada pelo Ministério da Saúde”, afirma.

Banco de Leite Humano

Um dos setores avaliados foi o Banco de Leite Humano (BLH) da MOV. A referência técnica do serviço, Maria Hercília de Castro Barbosa, destaca que o trabalho se ampara na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, além da distribuição de leite humano pasteurizado com qualidade certificada. “Diariamente, atendemos mães e seus bebês nas unidades de alojamento conjunto, disponibilizando informações e apoio para que consigam amamentar.  Aquelas que demandam maior atenção têm garantida a oferta de retornos ao BLH até se sentirem confiantes e aptas a amamentarem. Outra importante estratégia é  informar sobre os malefícios do uso indevido de bicos, mamadeiras e leites artificiais, que competem com o aleitamento materno exclusivo”, destaca.

Redução da mortalidade infantil

Amamentar é uma das mais importantes estratégias para a redução da morbimortalidade infantil. “Toda a família se beneficia com a amamentação. Para a mãe, diminui a possibilidade de hemorragia pós-parto, ajuda a retornar ao peso anterior à gestação, reduz as chances de câncer de mama e útero, protege da diabetes e da hipertensão e fortalece o vínculo afetivo. Para o bebê, é a oportunidade de receber um alimento rico em anticorpos de defesa, tão fundamental para sua saúde e que irá prevenir diversas doenças. O aleitamento materno promove ainda uma cultura de paz, amor e envolvimento de toda a família, além de proporcionar economia e sustentabilidade, protegendo nosso planeta de plásticos e latas de leite que são descartados na natureza”, explica Maria Hercília.

Para a diretora da MOV, Raquel Mariz, a manutenção do título valida o compromisso com as diretrizes assistenciais de um atendimento seguro e humanizado. “A garantia do aleitamento materno exclusivo e o contato pele a pele com a mãe nos primeiros minutos após o nascimento são alguns passos que beneficiam não somente as crianças, mas também contribuem para a construção de uma sociedade mais saudável e consciente”, conclui.

Júlia Kubitschek

A maternidade do HJK também alcançou excelentes resultados na avaliação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança. Entre os pontos de destaque estão a promoção de treinamentos e capacitações para a equipe; o envolvimento dos servidores no apoio às mães com dificuldades para amamentar, especialmente pelo atendimento no posto de coleta; a atuação do Comitê de Aleitamento Materno e a parceria com a atenção básica.

Para a presidente do Comitê de Aleitamento Materno do HJK, Miriam Ananda Martins, o resultado é fruto de um trabalho cotidiano, com ações que envolvem diretamente a comunidade. “O curso da gestante é um exemplo disso. Incentivamos o aleitamento e estamos sempre dispostos a oferecer apoio às famílias. Em caso de dificuldades ou problemas com a amamentação, a mãe pode ir ao nosso posto de coleta para receber atendimento, que pode ser agendado ou por livre demanda. Isso faz toda a diferença e é um suporte importante”, esclarece.

Miriam ainda destaca a importância da inclusão do tema aleitamento materno no pré-natal. “A mulher precisa estar instruída sobre a amamentação antes do bebê nascer. Abraçamos essa causa e estamos investindo na parte educativa. Trazemos a família para perto, não só pai e mãe, mas também avós e outros membros. Tudo isso para mostrar os inúmeros benefícios do aleitamento materno. Não tem como trabalhar com isso sem se envolver e se apaixonar pelos resultados alcançados”, relata a presidente do Comitê.

De acordo com a enfermeira Luzia Ventura, que foi uma das avaliadoras do IHAC na maternidade do HJK, ficaram nítidos o envolvimento e a continuidade do trabalho em prol da amamentação. “A unidade cumpre os 10 passos, o que reflete os esforços pela boa assistência em todos os setores da maternidade. O Comitê de Aleitamento Materno conta com membros atuantes, que contagiam positivamente todo o corpo clínico da maternidade. O trabalho das enfermeiras obstetras e das doulas também é importante para os bons índices alcançados. Por fim, as parcerias com a atenção primária e o curso do casal grávido proporcionam maior participação das famílias nos processos de trabalho da maternidade. Foi uma honra compartilhar esse momento especial e sentir o empenho de todos os profissionais com a causa”, salienta.

A diretora do Complexo de Especialidades da Fhemig, Cláudia Andrade, endossou a importância do trabalho de toda a equipe para a manutenção do título. “O envolvimento de todos os servidores que lidam com o aleitamento materno foi de extrema importância para essa conquista. A meta é continuar nos aperfeiçoando para oferecermos sempre a melhor assistência às mães e aos seus bebês. E a amamentação é a melhor escolha para a criança”.

Em Minas Gerais há, atualmente, 22 hospitais com a certificação. Desse total, três são unidades da Fhemig. Além da maternidade da MOV e do HJK, a maternidade do Hospital Regional João Penido. em Juiz de Fora, conquistou o reconhecimento em 2022.

10 passos

De acordo com o Unicef e a OMS, os 10 passos para o sucesso do aleitamento materno são:

1 – Ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde;
2 – Capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias para implementar essa política;
3 – Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno;
4 – Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira hora após o nascimento, conforme nova interpretação; colocar os bebês em contato pele a pele com suas mães, imediatamente após o parto, por pelo menos uma hora; e orientar a mãe a identificar se o bebê mostra sinais que está querendo ser amamentando, oferecendo ajuda se necessário;
5 – Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos;
6 – Não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica;
7 – Praticar o Alojamento Conjunto – permitir que mães e recém-nascidos permaneçam juntos 24 horas por dia;
8 – Incentivar o aleitamento materno sob livre demanda;
9 – Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas; e
10 – Promover a formação de grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a esses grupos após a alta da maternidade.


Por Fernanda Moreira Pinto
Fotos: Renato Cobucci e Divulgação / Fhemig